Localizado em Estrasburgo (França), o Planétarium du Jardin des Sciences concebido a partir da colaboração de várias marcas entrega dois volumes de forma singular e um jardim redesenhado. Texto: Bruno Henrique Silva | Fotos: Maxime Delvaux.
Localizado no coração da Université de Strasbourg, ao longo da Avenue de la Victoire, o planetário encontra-se entre os institutos de Zoologia e Geologia. O projeto, que engloba os dois volumes e o redesenho do jardim, foi fruto da colaboração entre frenak+jullien, Cardin Julien e m+mathieu holdrinet, sendo uma equipe arquitetônica de origem francesa e canadense. Por se tratar de alguns volumes encaixados, o projeto exigiu elevada precisão e soluções construtivas especiais.

O jardim que abriga o planetário foi concebido com a sucessão de ambientes vegetais, com áreas sombreadas no norte e prados no sul. Árvores altas e arbustos floridos criam uma atmosfera de floresta, trazendo reflexões sobre a diversidade do Jardim Botânico próximo. Para destacar o local, 8 jardins circulares foram instalados em alusão aos oito planetas do sistema solar.


Para falar sobre astronomia e contemplar o cosmos, a equipe teve grande inspiração na dimensão onírica do programa. A geometria incomum lembra os prédios industriais do século XIX ao mesmo tempo que evoca instrumentos de medição astronômica, como o astrolábio. De fora, o planetário é contemplado por dois volumes escuros que se destacam no jardim verde, sendo um com aparência de um cone cortado que abriga a sala de projeção e o outro um cilindro que acomoda o saguão. Para os transeuntes, o disco metálico do cone interage com as mudanças da cor do céu e a fachada do planetário evoca um instrumento astronômico inserido no jardim.


Apesar de compartilharem componentes, o planetário e a área de recepção são montados de maneiras opostas. Enquanto o planetário é voltado ao seu centro (o auditório), a área de recepção volta-se para o jardim. O primeiro está mergulhado na escuridão e o segundo está aberto ao céu e iluminado pelo teto de vidro. Além disso, são utilizados poucos materiais na construção dos espaços, como madeira queimada e alumínio no exterior e madeira clara e gesso no interior.


Nos espaços interiores a luz é controlada para oferecer a melhor experiência aos visitantes. Na passagem da recepção para o auditório, uma galeria circular favorece a transição da luz do saguão para a penumbra do teatro cósmico. Ao adentrar o auditório, os painéis de madeira elevam o espaço a 17 metros de altura. Uma rampa levemente inclinada conduz os espectadores até os 138 assentos para que possam apreciar as projeções feitas sobre uma cúpula suspensa e inclinada. Ao total, 6 projetores digitais reproduzem imagens do cosmos, podendo ser operados a partir da galeria técnica que cerca o espaço.

