Concluída em 2022, o convento da Fraternidade Franciscana de Betânia busca remediar a violência e proporcionar um melhor futuro aos jovens habitantes de comunidades da capital da Bahia. Texto: Bruno Henrique Silva / Fotos: Cesare Querci e Mixtura.
A equipe da Mixtura acredita que a arquitetura é capaz de criar relacionamentos. Para isso, sua equipe de arquitetos busca entender as especificidades ambientais e culturais combinadas com as necessidades dos clientes para construir soluções únicas e especiais. Foi com entusiasmo que o studio aceitou esse importante projeto social da Fondazione Betania Onlus, que tem sido realizado desde 2010 e está baseado no carisma franciscano dos clientes, clima tropical e contexto social.

Planta do Complexo Conventual. Foto: Mixtura.

Seção AA’ da Planta. Foto: Mixtura.
“Isso não é somente sobre criar um edifício, mas também sobre entender a profunda natureza do lugar onde iríamos projetar. Salvador da Bahia é um lugar especial, onde a cultura ocidental se funde com a cultura africana para promover uma cultura única e sincretismo religioso” diz Cesare Querci, Arquiteto da Mixtura Studio.
O convento está localizado no bairro de São Cristóvão, conhecido como um dos mais perigosos de Salvador, onde a violência e crime se tornam paradigmas no cotidiano de seus habitantes. Neste sentido, uma boa arquitetura pode ser um antídoto para as mazelas enfrentadas nas comunidades da localidade. Através de um método participativo, projetou-se o edifício visando estabelecer relações positivas entre ser humano, ambiente e natureza. Foi assim que obtiveram grandes espaços para orações, hospitalidade e encontros com a comunidade local.

Convento da Fraternidade Franciscana de Betânia. Foto: Cesare Querci.


À esquerda, o refeitório do convento à noite. À direita, o interior da igreja à noite. Fotos: Cesare Querci.
O convento, que inicialmente se desenvolvia em torno de um claustro fechado, foi repensado para incluir vários claustros. Para isso, a densidade do edifício foi reduzida, o que modificou positivamente a ventilação do complexo. Os edifícios que formam o convento (refeitório, igreja, prédio administrativo, biblioteca, sacristia e células) foram construídos com baixa tecnologia, com destaque para madeira, que é utilizada em grande parte da construção, como nos telhados e brise-soleil. O resultado obtido foi um conjunto de ambientes que combinam eficiência energética com o mínimo de impacto ambiental, o que é complementado pelo uso de painéis fotovoltaicos e sistemas de reuso da água da chuva.


À esquerda, a biblioteca. À direita, o edifício das células. Fotos: Cesare Querci.
