Quinta-Feira, 08 de Junho de 2023

MAR expõe panorâmica de 15 anos do artista Jaime Lauriano

Denominada “Aqui é o fim do mundo”, a exposição apresenta mais de 40 obras distribuídas por 5 núcleos. Texto: divulgação/Foto: Filipe Berndt.

O Museu de Arte do Rio (MAR) inaugura no dia 28 de abril uma exposição que apresenta a trajetória do artista paulistano Jaime Lauriano com várias obras produzidas entre 2008 e 2023. O artista, engajado na ideia de repensar a história oficial do Brasil, tornou-se um importante expoente do novo momento da arte brasileira e já vem participando de várias antologias sobre o assunto. Segundo Lauriano, o que levou ele a trabalhar com arte foi, de início, o interesse de investigar sua história pessoal, mas que o avanço de sua arte passou a formar uma história social coletiva do Brasil, que representava muitas outras pessoas excluídas e marginalizadas socialmente. Para o artista, essa exposição é importante, porque percebe sua produção mais madura, tanto na complexidade dos temas quanto no emprego de materiais.

Sob a curadoria de Marcelo Campos e Amanda Bonan, a exposição conta com quatro obras inéditas: “Invasão da cidade do Rio de Janeiro”, “Na Bahia é São Jorge no Rio, São Sebastião”, “Afirmação do valor do homem brasileiro” e “Justiça e barbárie #2”, todos de 2023.

Acima, “E se o apedrejado fosse você? #3”, 2021, de Jaime Lauriano.

O primeiro núcleo da exposição, Experiência Concreta, aborda tanto o concretismo e neoconcretismo quanto a realidade dos negros no Brasil. Esse segmento da exposição conta com as obras de mesma denominação do núcleo. As obras abaixo, por exemplo, foram feitas com sacos de transporte de grãos, fita auto adesiva de alta fixação e pregos dourados, sendo que as formas geométricas referenciam a triangulação do tráfico negreiro.

Da esquerda para a direita, “Experiência concreta #6 (triângulo atlântico)”, “Experiência concreta #7 (triângulo atlântico)” e “Experiência concreta #8 (triângulo atlântico)”, 2019, de Jaime Lauriano.

O núcleo denominado Colonização traz a pintura “Invasão da cidade do Rio de Janeiro” (2023), na qual Jaime Lauriano intervém com pinturas e colagens em uma reprodução da pintura “Fundação da cidade do Rio de Janeiro”, de Antonio Firmino Monteiro (1855-1888). Outras obras presentes são: “Colonização” (2016), “Colonização #2” (2022), “Tratado #2” (2015), “E se o apedrejado fosse você #3” (2021) e “Trabalho, 2017” (2017).

“Afirmação do valor do homem brasileiro” (2023) abre o núcleo com o mesmo nome. A inédita instalação de parede é composta por recortes de revistas brasileiras de 1970, durante o governo Médici. Nesse segmento da exposição também podem ser encontradas nove obras da série de bandeiras do Brasil, o conjunto “Bandeirantes #1” (2019), “Bandeirantes #2” (2019)  e “Bandeirantes #3” (2022), e 12 esculturas da série “Brinquedo de furar moletom” (2018).

Da esquerda para a direita, “Brinquedo de furar moletom (porta-aviões #2)” e “Brinquedo de furar moletom (caveirão #2)”, 2018, de Jaime Lauriano.

Recanto é outro núcleo, em que cada trabalho é uma oferenda para um orixá formada por elementos ritualísticos. A instalação “Iluminai os terreiros” (2022) constrói um círculo com 14 apotis (bancos utilizados em casas de umbanda e terreiros de candomblé) e esteiras de palha, com trilha sonora que reproduz sequência de entrevistas feitas pelo artista com lideranças negras do Rio e de São Paulo. Também estão expostas as obras “Felicidade guerreira” (2021), “Ele é dono do meu destino até o fim” (2022) e “Na Bahia é São Jorge no Rio, São Sebastião” (2023).

Nas imagens acima, “Iluminai os terreiros” (2022), “Felicidade guerreira” (2021) e “Ele é dono do meu destino até o fim” (2022), de Jaime Lauriano.

Por fim, o núcleo Justiça e Barbárie reúne vídeos que relatam momentos da política brasileira, chegando a apontar nomes de mortos e desaparecidos em 1970, utilização da Copa pelo regime ditatorial, coletânea de propagandas ufanistas no período do AI-5, registros da “higienização” urbana realizadas na “cracolândia” em São Paulo e uma obra em que é escrita a receita de um coquetel molotov. Também é incorporado o inédito ensaio visual “Justiça e Barbárie #2” (2023), que mostra a invasão de Brasília no dia 8 de janeiro, mixadas com legendas retiradas da internet e grupos de WhatsApp bolsonaristas.

Serviço

Museu de Arte do Rio [segundo andar]

Exposição Jaime Lauriano: Aqui é o fim do mundo

Abertura: 28 de abril

Período expositivo: até 1º de outubro de 2023

Curadoria: Marcelo Campos e Amanda Bonan

Endereço: Praça Mauá – Centro, Rio de Janeiro – RJ

Telefone: 21 3031-2741

Ingresso: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia). 

Agendar uma visita: agendamento@museudeartedorio.org.br ou +55 (21) 3031-2742.

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