Terca-Feira, 26 de Setembro de 2023

Magenta King: as obras de Rodrigo Solsona

Ilustrador conta sobre sua carreira, inspirações e principais projetos.

Com uma mídia cada vez mais difusa globalmente, conhecer diferentes culturas se tornou mais fácil. Rodrigo Solsona, ilustrador com formação em design, se inspira muito na arte asiática. “No colégio, a Simone, que se tornou minha namorada, me deu de presente um mangá, e isso mudou minha cabeça”, conta Rodrigo nostálgico. Você pode acompanhar os trabalhos pelo perfil do artista no Instagram ou no Twitter e também pode conferir seu último projeto no Catarse, o Kaiju Parade. Aliás, se quiser investir numa boa causa, dê uma força ao trabalho dele pela plataforma de captação. Solsona conversou com o ArqXP sobre seus trabalhos e carreira. Confira a seguir.

ArqXP: Como você começou sua carreira nas artes?

Rodrigo Solsona: Eu me formei em Design Gráfico e cursei o Senai de artes gráficas. Nesse meio tempo de cursos, trabalhei sempre com design, seja em editoras, seja em estúdios. Sempre desenhei, desde pequeno, e procurava um jeito de ganhar dinheiro com isso. Desde sempre fiz fanzines e fui em eventos pra vender. Com o conhecimento de design que adquiri, fui aprimorando as publicações. 

ArqXP: Você tem muitas obras inspiradas na cultura japonesa. Quando foi o primeiro contato com essa cultura? Como ela moldou seus gostos?

RS: Eu passei muitos anos da minha infância e adolescência consumindo quadrinhos e arte norte-americana, mas sempre assistindo desenhos japoneses na Manchete. No colégio, a Simone, hoje minha namorada, me deu de presente um mangá, e isso mudou muito minha cabeça. Eu era totalmente alheio a isso naquela época. A partir desse momento, comecei a frequentar as lojas da Liberdade atrás de mais quadrinhos japoneses e fui descobrindo muitas coisas sensacionais. O interesse se expandiu pra filmes e design japonês e asiático em geral, e eu acabei nutrindo uma vontade muito grande de conhecer pessoalmente esses lugares. Viajamos para o Japão e para a Coréia duas vezes desde então e minha curiosidade por essa cultura visual só aumenta.

ArqXP: Como é seu processo de criação? 

RS: Normalmente eu tenho ideias quase que 100% visuais na cabeça, aí vou estruturando esses pensamentos para fazer sentido além do estético e não ficar uma casca bonita com um interior vazio. Assim que entendo o que quero, começo a desenhar. Normalmente não faço rascunhos, vou direto pra a ilustração final. Isso impede de eu perder o frescor da ideia e do traço. Quando tenho o desenho/ilustração/página de quadrinhos pronto, escaneio, faço alguns ajustes e pronto. 

ArqXP: Você prefere desenhar no papel ou digitalmente? Por que?

RS: Normalmente faço 99% dos meus trabalhos manualmente. Me dá mais segurança e eu gosto muito de usar materiais diferentes e ver a pilha de papel se amontoando. Acho que consigo ir muito mais longe com a técnica manual e, ao mesmo tempo, produzo mais desse modo. 

ArqXP: Quais são suas principais obras? 

RS: Eu dou muita importância aos meus projetos de quadrinhos, como o 9 HORAS (que lancei por aqui em 2015 e foi lançado esse ano na Polônia), a série que faço em dupla com Dalton Cara, o 5/5. São projetos que eu realmente curto muito fazer. 

ArqXP: E suas principais referências?

RS: Eu tenho muitas referências do mundo dos quadrinhos, como Paul Pope, Katsuya Terada, Katsuhiro Otomo, Jilian Tamaki, Bastien Vives e Taiyo Matsumoto. Da ilustração também, como Kim JUng Gi, Jamie Hewlett, Little Thunder, entre muitos outros contemporâneos. Dos mestres, Alphonse Mucha e Leyendecker são os meus favoritos. 

ArqXP: Você usa Magenta King como nome. Por que? De onde surgiu?

RS: Eu sempre fui criado entre coisas impressas e realmente gosto muito mais de ter um livro do que um e-book. Na época que trabalhava com design, tinha um grupo de estagiários que eram muito mais novos e muito ligados a Ipads e tecnologia. Na brincadeira, criou essa divisão dos novos (RGB) e dos velhos (CMYK)*. Fiz uns nomes usando o tema de monarquia para os velhos (Conde de Cyan, Rei Magenta, essas coisas) e ficou na brincadeira. Como eu estava procurando um nome para assinar meus trabalhos, gostei do Magenta King e pesquisei pra ver se existiam outros. Acabou que não tinham mais e usei. Legal que foi bem fácil de lembrar e de espalhar. (rindo)

*RGB e CMYK são siglas para modelos de cores, sendo o primeiro utilizado na pintura digital e baseado em vermelho, verde e azul (Red, Green e Blue) e o segundo utilizado na impressão física no papel e baseado no ciano, magenta, amarelo e preto (Cyan, Magenta, Yellow e Key).

ArqXP: Tem intenção de entrar no mundo da animação ou algum outro ramo artístico?

RS: Eu já tive algumas experiências com animação e jogos, mas é um mundo à parte. Gosto muito da ideia de não ficar preso em uma mídia e poder expandir o alcance. Agora, com essa necessidade de conteúdo para canais de stream como Netflix, Amazon Prime e outras, cada vez mais essas empresas estão de olho em criadores independentes. Então, se você tiver como mostrar essas possibilidades para eles, já é um diferencial gigante. Por isso eu sempre penso meus projetos com aberturas para diversas mídias.

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Terca-Feira, 26 de Setembro de 2023
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