O papel como matéria-prima para a fabricação de embalagens. Por Gustavo Curcio. Fotos divulgação Klabin / Molostok, Freepik

Atentos a tendências alinhadas ao consumo sustentável, deparamos com um exemplo inovador no segmento de design de embalagens que ganha destaque nesta edição. A Klabin, maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil, associa a busca por solucionar demandas do mercado à necessidade de preservação do ecossistema. De olho no setor hortifrutícola, a companhia dedicou-se a criar um produto que garantisse a integridade da colheita durante o processo de embalagem, armazenamento, transporte até a chegada ao consumidor final. Em setembro foi lançada uma bandeja biodegrádável específica para acomodar frutas e hortaliças. Matéria-prima, tipo de material e design foram pensados em relação à praticidade, segurança e apresentação da mercadoria. Desenvolvidas a partir de fibras limpas de eucalipto, de pinos e da mescla das duas espécies, as embalagens em papelão ondulado foram projetadas com orifícios que possibilitam a ventilação ideal para conservação dos alimentos.
O papel como matéria-prima
Por possuírem base biológica e serem produzidas a partir de recursos renováveis, as embalagens de papel materializam um uso racional dos recursos naturais disponíveis. O papel deriva de florestas plantadas e tem o potencial de ser protagonista de um futuro mais eficiente, ao atender a nova demanda dos consumidores que priorizam produtos sustentáveis e reutilizáveis. As embalagens de papel conseguem aumentar a vida útil dos materiais reciclados, influenciando a cadeia da coleta seletiva e diminuindo a geração de passivo em aterros.
Reciclagem
O potencial da reciclagem do papel é um grande diferencial do segmento. No município de Goiana, em Pernambuco, a Klabin instalou a maior unidade de embalagens e a mais moderna na América Latina para a fabricação de papel reciclado, cuja produção é de 160 mil toneladas ao ano. Segundo dados da empresa, aproximadamente 70% das embalagens que produzem são feitas com fibra reciclada. Considerando toda a cadeia, o Brasil figura entre os principais países recicladores do mundo, com 5,1 milhões de toneladas retornando para o processo produtivo em 2018 (dados da Ibá – Indústria Brasileira de Árvores). A taxa de recuperação estimada é de 68% de todo o papel consumido passível de reciclagem. Considerando só papéis de embalagem, esse índice fica em torno de 85% (Ibá), um número expressivo, que demonstra o valor do produto.
Sacos industriais
Uma das maiores fábricas de sacos industriais do mundo pertence à Klabin, localizada no município de Lages, Santa Catarina. Os sacos industriais são fabricados 100% a partir de fibras longas, originadas nas florestas plantadas de pínus, e combinam resistência, porosidade, alongamento e tração. Produzidos com o chamado “papel kraft natural” (o tradicional papel marrom), em várias camadas de acordo com a demanda do produto, são utilizados em diversos setores da indústria, como construção civil, alimentos (farinhas e farelos), químicos, agronegócio (sementes), cafés, pet food, entre outros. Os sacos industriais para cafés especiais (verdes) possuem alta barreira contra fatores externos: herméticos, devido ao sistema de fechamento, são fabricados com papel extensível de elevada resistência, com filme de barreira e proteção à luminosidade, além de um sistema que facilita a abertura, denominado Easy Open.
Características técnicas
Capacidade para 30 quilos do grão. Vedação é feita pelo próprio enchimento do saco.
No armazenamento, os sacos se acomodam de maneira organizada e segura, otimizando desde o espaço da área de estoque até o transporte da mercadoria.
A preservação dos atributos sensoriais de qualidade desejáveis dos cafés depende essencialmente das condições de armazenamento dos grãos.
Uma pesquisa realizada em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA–MG) comprovou que é possível manter a qualidade do café durante longos períodos de armazenamento. A embalagem de papel com alta barreira é a mais eficiente nesse processo.
Certificação
O papel dos sacos industriais da Klabin é certificado para uso exclusivo com alimentos. Um dos certificados é o ISEGA, de um instituto sediado na Alemanha, que é liberado após profunda análise técnica do papel. Os critérios utilizados para essacertificação atendem a legislação americana (Food and Drug Administration – FDA) e a alemã (Bundesinstitut für Risikobewertung – BfR).
Tintas
São orgânicas — à base de água e aproximadamente 90% compostas por amido de milho — e biodegradáveis. A composição das tintas utilizadas na impressão é apropriada para embalagens de produtos alimentícios.