Novo projeto do MetroOffice para a Celine, na Toscana, marca tendência de contemplação e orientação da paisagem para concepção de unidades de produção na Europa.
Organizada em volumes rigorosamente implantados, La Manufacture é a nova unidade de produção da maison francesa Celine na Itália. O complexo foi concluído recentemente na cidade de Radda in Chianti, na província de Siena, região da Toscana. Para suas novas instalações de fabricação dedicada a artefatos de couro, a empresa chamou o MetroOffice Architetti para projetar o edifício de 5200 metros quadrados e acomodar os 250 artesãos locais recém-contratados.
Um edifício caracterizado por padrões de alta qualidade e construção de custos relativamente baixos: é isso que o MetroOffice oferece com o projeto para a La Manufacture. A identidade da maison francesa é interpretada por meio de uma concepção e de extrema atenção às qualidades ambientais do território em que o edifício está imerso. Caixilharia generosa emoldura o campo e aproveita as vantagens da luz natural: La Manufacture promove a ideia do local de trabalho como local de contemplação.



A implantação
A nova instalação foi construída no local de uma antiga planta industrial, fato que limitou a projeção das novas áreas. O edifício se beneficia da sua localização e se adapta à topografia do terreno. O volume principal da La Manufacture segue um alinhamento sudeste com giro de 90 graus. O posicionamento beneficia o máximo da relação visual com os campos cultivados e aproveita a iluminação natural.



Imersa na paisagem
Ao abraçar a paisagem e abrir as vistas para as colinas do Chianti, a equipe de arquitetos concebeu um ambiente de trabalho único que beneficia os funcionários. Trata-se de um espaço de produção que se encontra entre belas vinhas e pequenas aldeias rurais. “O objetivo principal desse projeto era fornecer a todos os trabalhadores uma vista para a paisagem para que todos pudessem sentir a passagem das horas durante o dia e as estações do ano. Queríamos criar uma conexão perfeita com a natureza”, conta Barbara Ponticelli, arquiteta responsável.
Sistema construtivo e disposição de usos
Feito de painéis alveolares de concreto, aço, vidro e policarbonato, o volume parece estar suspenso sobre o chão. Na cota inferior se localiza um estacionamento de cerca de 4 mil metros quadrados. No pavimento logo acima, está disposta a zona de produção, com 3 mil metros quadrados. É exatamente neste nível, onde se concentra a maior parte dos colaboradores, que se tira proveito das mais belas vistas da paisagem. A área de estoque e armazenamento de mil metros quadrados tem estrutura blindada por uma pele de policarbonato.


Enquanto a área de trabalho é caracterizada por sua relação visual direta com o interior da Toscana a parte elevada do edifício ao lado de trás acomoda os escritórios e serviços: seus 1200 metros quadrados, distribuídos em três andares, estão diretamente conectados à área de produção.
A transparência obtida por meio da combinação de paredes diafragma e de tijolos de vidro cinza suspensos, voltados para o sul, lembra o valor simbólico de grandes obras de arquitetura da era contemporânea. A grade retícula de tijolo de vidro regula a quantidade de luz que penetra o edifício. O MetroOffice a projetou com uma ligeira curvatura que a distancia progressivamente de um volume perfeito. A razão por trás dessa escolha é permitir maior sombreamento dos espaços interiores quando necessário e, ao mesmo tempo, expressar uma sensibilidade cuidadosa à forma das colinas circundantes.

Segundo Fabio Barluzzi responsável pelo projeto ao lado de Ponticelli, trabalhar com esse projeto possibilitou criar uma espécie de laboratório para a identidade da marca. “Também nos permitiu uma pesquisa mais aprofundada sobre design de locais de trabalho. Assim, descobrimos l novas soluções arquitetônicas que priorizam o homem e o ambiente natural”, finaliza.
Na vanguarda
Cada vez mais, plantas de produção são tratadas como laboratórios de desenvolvimento e insights criativos para grandes marcas. Não à toa, as instalações da Celine em Radda in Chianti parecem confirmar a importância do mimetismo entre entorno e arquitetura para a contemplação durante o exercício das funções de cada setor produtivo. A vocação italiana para produzir no campo da moda parece se confirmar, inclusive, no que tange às unidades de produção. Juntamente com a Fendi (sua futura sede será em Bagno a Ripoli, Florença), Dior e Gucci ( em Scandicci, Florença) e Prada (em Lavanella, Arezzo), Celine confirma que a Toscana é um dos destinos preferidos para produção de produtos premium, também devido ao alto profissionalismo da mão de obra de artesãos locais.