Terca-Feira, 26 de Setembro de 2023

De alma nova

Escritório de São Paulo mostra que é possível mudar uso principal do edifício em projeto de remodelação desde que esteja dentro dos parâmetros apontados na Lei de Zoneamento e no código de obras. Por Allaf Barros. Fotos por Marcelo Kahn.

O retrofit é um caminho de grande potencial na cidade de São Paulo onde já não existe grande oferta de terrenos em localizações privilegiadas, dotadas de infraestrutura e prestígio. A busca pelo resignificado de edifícios em regiões consolidadas da trama urbana é uma tendência que veio para ficar. É o que observa o arquiteto Jorge Munif Abussamra, à frente do escritório JNA Arquitetos. “O retrofit é fundamental no sentido de renovação de imóveis bem localizados existentes e que não tenham valor histórico comprovado”, afirma. Nos últimos anos, o escritório que tem base em São Paulo entregou dois projetos de retrofit na capital paulista: o Atelier Casa Branca e o Corporate Alamedas, ambos no entorno da Avenida Paulista. Foram 18 meses de obras em média para a conclusão dos dois edifícios. No Corporate Alamedas, antigo prédio residencial que se tornou corporativo, houve uma alteração ainda mais radical de uso, conceito espacial, instalações, estrutura e fachada. Entre desafios estruturais, de instalações e acabamento, o resultado das intervenções, além de devolver uso a lotes subaproveitados, trouxe novos ares para a região.

Corporate Alamedas

A complexidade foi maior no Corporate Alamedas porque além da mudança no uso original do edifício residencial para um edifício corporativo, foram eliminados pilares do centro da laje e reforçados os pilares de periferia além das lajes existentes. “Tivemos uma alteração mais radical com a eliminação de todas as alvenarias internas, eliminação de quatro pilares centrais, alteração completa da escada e poços de elevadores originais e adequação às normas de segurança para edifícios corporativos”, detalha o arquiteto.

Vão livre

Outro desafio imposto pela mudança de uso do edifício foi a adaptação de uma laje residencial de pilares centrais para uma laje livre/corporativa com os esforços transferidos para os pilares e vigas de periferia reforçados. Com isso, foi realizado escoramento e reforço de ferragens tanto nas lajes quanto nas vigas de periferia e criação de novas vigas chatas para reforço dos vãos resultantes. A marquise de acesso tem um tratamento de forro metálico Hunter Douglas Cell T15 módulo 62,5 x 62,5 mm, pintado na cor RAL 7015.

Um novo subsolo

Além das alterações estruturais no edifício, a equipe da JNA teve uma particularidade em especial: a construção de mais um subsolo. “Os tubulões existentes tinha fustes bem alongados e desta forma foi possível efetuar uma escavação reforçando os mesmos com fita de carbono e executando uma nova laje intermediária para assim aumentar a capacidade de vagas de veículos”, diz.

Atelier Casa Branca

Projeto original da década de 1980 e paralisado por cerca de 24 anos, o residencial localizado na Alameda Casa Branca passou por testes para checagem da estabilidade da estrutura, que foi totalmente mantida. Todas as instalações hidráulicas e elétricas foram substituídas. Foram alteradas boa parte das alvenarias internas, isso por conta da transformação do layout do apartamento original de quatro dormitórios. Foram criadas três suítes na versão atualizada, preservando-se a área de 234 m2 úteis. “A fachada foi totalmente remodelada em função do novo programa de espaços”, diz Abussamra.

O novo terraço

No processo de recuperação do prédio também foi implantado um terraço frontal avançando sobre o living com fechamento em painéis deslizantes para sombreamento do caixilho do living. “Todos os vãos de living, áreas de serviço e dormitórios foram expandidos para aumento da luminosidade nos ambientes”, explica o arquiteto. A caixilharia foi completamente substituída por perfis mais sofisticados e pintados na cor cinza. Os painéis/brises deslizantes frontais são de alumínio na cor marrom. Já os peitoris dos terraço foram executados em vidro laminado 20 milímetros de espessura com fixação em Infinity View.

Ficha Técnica

Atelier Casa Branca
Início e término do projeto: Setembro 2017 – Fevereiro 2018
Execução: Fevereiro 2018 – Dezembro 2019
Local: Alameda Casa Branca, 1.100, Cerqueira César – SP
Equipe de projeto: JNA Arquitetos – Jorge Munif Abussamra, Alice Mayumi Nagao e Samira Colla
Execução: Gattaz Engenharia – Milton Gattaz , Flavio Gattaz e Vanderlei Dias (engenheiro residente)

Corporate Alamedas
Início e término do projeto: Dezembro 2015 – Setembro 2016
Execução: Setembro 2016 – Dezembro 2017
Local: Alameda Santos x Alameda Campinas, Bela Vista – SP
Equipe de projeto: JNA Arquitetos – Jorge Munif Abussamra e Kelly Pinha
Projeto estrutural: Escritório Técnico Cesar Pereira Lopes Ltda – Cesar Pereira Lopes
Execução: FMG Desenvolvimento Imobiliário – Fabio Martins e Luciana Basile

Matéria publicada originalmente na revista aU.

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