Esse tipo de painel laminado tem alta resistência mecânica e contra a água e além de ser sustentável, traz beleza e ar natural à madeira na decoração. Texto: divulgação. Imagens: Ricardo Bassetti e Átomo Arquitetura.

O termo naval deve-se à grande empregabilidade do compensado na construção de embarcações, pois ele possui grande flexibilidade e resistência à água. Em sua forma mais moderna, ele surgiu durante a Revolução Industrial, um momento em que houve o desenvolvimento de novas colas e resinas, popularizando-se após a 2ª Guerra Mundial.
Na arquitetura, ele foi mais popular entre os anos de 1930 e no pós-guerra. Em sua autobiografia, por exemplo, o famoso arquiteto americano Frank Lloyd Wright (1867-1959) diz usar placas de madeira compensada em alguns de seus trabalhos porque é um “rico isolante térmico”, “à prova de pragas” e pode ser fabricada no próprio local onde será usada e adicionadas a estruturas montadas sem complicações.
De acordo com o arquiteto Francesco Torrisi, sócio-diretor da Átomo Arquitetura, o compensado naval difere-se dos demais laminados de madeira porque as lâminas são coladas com suas fibras de forma perpendicular a cada camada, formando um padrão de fibras cruzadas.
“Essas camadas são unidas por um adesivo e prensadas sob alta pressão e temperatura. Por conta desse processamento, que é o princípio da laminação cruzada, obtém-se um produto de madeira com maior estabilidade dimensional e resistência, podendo superar outros defeitos naturais, como nós e manchas na madeira”, afirma Torrisi.
Torrisi diz que o compensado naval é empregado de forma mais crua, sem utilização de películas ou fórmicas comumente encontradas nos móveis de MDF. “Como é formado por folhas naturais de madeira, o compensado naval pode ser tratado apenas com verniz ou stain, conseguindo mimetizar a madeira natural no ambiente”, afirma o especialista.
Para reforçar esse aspecto visual e, ao mesmo tempo, proteger a madeira, tanto o verniz quanto o stain funcionam bem, mas este último tem uma vantagem: ele não forma uma película uniforme sobre a madeira, com o verniz, mas sim penetra em seus veios – o que garante esse aspecto mais rústico ao substrato.
“Outra sugestão para ampliar a sensação de naturalidade da madeira é escolher um stain incolor e de alta performance. Além da beleza, o produto oferece proteção contra água, fungos e exposição ao sol”, aconselha a especialista em madeira.
Torrisi ressalta que a composição dos painéis, que é muito variada, possibilita esteticamente um enorme leque de opções. “O compensado naval pode se adaptar a diversas ideias de composição estética (cores e tipos de madeira). Podemos citar compensados com a lâmina externa de virola (mais comum), cedro, pinos e paricá, cada um proporcionando uma característica única para os ambientes. Além disso, o uso do compensado se insere muito bem na discussão da sustentabilidade na arquitetura contemporânea, substituindo a madeira natural e o imenso custo ecológico”, diz o arquiteto.
Móveis feitos com compensado naval ficam mais caros que os tradicionais de MDF, mas os especialistas dizem que a diferença gritante em durabilidade e beleza compensam. “A capacidade de substituir visualmente a madeira natural, a alta resistência à água, a alta resistência mecânica e a vida útil superior em relação a outros materiais são algumas características que fazem o compensado naval valer a pena”, diz Torrisi.