Residência Capobianco ganha maior expressão ao ser completada com o anexo da biblioteca. “Ser coerente com os projetos anteriores e respeitar a natureza deles. Os espaços falam a mesma língua, mas falam coisas diferentes”, conta Samuel Kruchin. Por Allaf Barros. Fotos por Daniel Ducci.
Ao longo de sua história de mais de 30 anos, a Residência Capobianco passou por algumas grandes fases. Com o projeto assinado por Samuel Kruchin, uma nova etapa foi finalizada no ano passado: o anexo da casa que conta com uma biblioteca, um consultório de psicanálise e uma sala de vídeo. Todo esse conjunto foi instalado onde antes estava a área de serviços concebida no projeto original.
Um dos detalhes da nova edificação foi a escolha de concreto aparente semelhante ao acabamento já utilizado no restante da casa. “Esse foi um elemento fundamental. A sintonia da cor do concreto para o espaço novo com a cor do pré existente nas demais áreas da casa”, comenta Kruchin. O arquiteto também observa que o cuidado com a escolha das fôrmas permitiu chapas lisas, sem a necessidade de acabamentos posteriores. “Fizemos um tratamento convencional e utilizamos hidrofugante para impermeabilizar”, conta.

Telhado Verde
A impermeabilização do telhado verde seguiu técnicas tradicionais. Para executá-lo foi adotada uma impermeabilização convencional com manta asfáltica e reforçada com concreto aditivado. “Fizemos várias proteções com concreto, com a manta e com os escoamentos de água pensados para isso”, explica. Na discussão do projeto havia ainda a intenção de que no espaço entre a biblioteca e a casa, onde fica um gramado, fosse colocada alguma vegetação ou houvesse a intervenção com projeto paisagístico. “Nós defendemos que o lugar fosse apenas um plano verde, porque o vazio daquela área integra todos os ambientes e permite a conversa entre a residência original e o novo edifício”.

Painel de Azulejos
Até pouco tempo, o arquiteto Samuel Kruchin não havia projetado nenhum painel de azulejos. O primeiro foi feito para o projeto do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), em Brasília (publicado na seção Cenário da edição 279). Desde então, outros trabalhos mais recentes do arquiteto lançam mão desses grafismos. “O padrão representado no painel é idêntico ao do gradil metálico interno. Apesar do desenho ser um quarto de circunferência, ele cria um movimento de profundidade que acaba equilibrando o projeto. Trata-se de um elemento de passagem entre a residência original e o novo anexo. É como se ele conduzisse a transição entre um e outro ambiente”, define.
Ilusão de óptica
Um dos aspectos mais expressivos do projeto é a aparente flutuação do espaço. A ideia é que houvesse uma espécie de linha “quebrada”, solta no espaço, que transmitisse leveza e suavidade ao volume suspenso. “Como se fosse uma linha habitada”, explica Samuel. “A fundação fica recuada na parte de trás da edificação. Daí vem a sensação de que ela não toca no solo com o recuo da estrutura”, justifica.

Luminotécnica
O escritório procurou uma concentração de luz voltada para os livros diretamente e uma densidade diferente para as áreas de trabalho e leitura. Cada uma delas exigiu um tipo de iluminação. Outro aspecto importante foi a valorização da luz natural atrás de um plano de vidro enorme que deixa o ambiente confortável do ponto de vista óptico.

Ficha técnica
Nome do projeto: Biblioteca da Residência Capobianco
Conclusão: 2019
Local: São Paulo, SP
Arquitetura e design de interiores: Kruchin Arquitetura
Área Total: 1063.70 m²
Biblioteca: 224.0 m²
Fotografias: Daniel Ducci
Coordenação: Xênia Rocha
Arquitetos Colaboradores: Alexandre Franco Martins, Natália Hesz Ferrari
Matéria publicada originalmente na revista aU.