Em um cenário natural nos limites da construtibilidade, esta casa oferece uma abordagem paisagística para um projeto arquitetônico. Texto: v2com. Tradução: Maylson de Alencar. Fotos: Félix Michaud.
Localizada na região Laurentian de Quebec, e situada em uma encosta íngreme, a propriedade é caracterizada por grandes afloramentos rochosos e oferece vistas claras do horizonte de Laurentian. Antes da intervenção, os proprietários criaram no local uma variedade de áreas de lazer dispersas e fragmentadas, ligadas entre si por sinuosas trilhas que contornam as falésias íngremes do terreno montanhoso. Devido à natureza orgânica e temporária desses usos iniciais do local, sua especificidade definiu o início do projeto.

As premissas conceituais do projeto foram, portanto, ancoradas a essas estruturas de ocupação temporária que os proprietários desenvolveram ao longo dos anos. Ao longo dos contornos de um planalto rochoso que já ocupavam, a localização da residência foi organizada de forma estratégica de forma a manter um pouco do seu “estilo de vida” existente. Ao invés de dominar o seu entorno, ou reconfigurar seu terreno, a arquitetura foi desenvolvida para observar a paisagem e respeitar seu estado original antes da intervenção.


Para manter a topografia do planalto, os espaços do projeto foram divididos em dois volumes seguindo eixos que podem ser vistos no local. Essa fragmentação permitiu dividir o programa em dois espaços: um abrigando as funções diárias e o outro as funções noturnas. Uma passagem envidraçada e um terraço aberto unem os dois volumes, oferecendo uma vista deslumbrante do horizonte.
Em sua concepção espacial, o projeto privilegia uma implantação vertical como uma sobreposição de planos que seguem a fragmentação programática.



Com essa estratégia, a área de cobertura do projeto foi restringida e preservou a estrutura de drenagem natural do local, que está praticamente inalterada hoje. Construída em madeira laminada, a estrutura permite pé-direito alto e desenvolve “paisagens interiores” cujas proporções lembram as das árvores circundantes.



O ritmo das colunas de sustentação abre-se para o horizonte em vãos verticais e decompõe o panorama exterior em pequenas “pinturas selecionadas”. O grande telhado pende sobre todo o perímetro externo dos pavilhões, repelindo a neve no inverno e o sol no verão.








O layout estrutural é simples e aparente; expressando a leveza e a efemeridade da intervenção, em contraste com o aspecto mais permanente da encosta rochosa.
A verticalidade do projeto é estratégica – oferecendo uma resposta sensível ao desejo de preservar uma delicada apropriação entre o local e seus habitantes. O projeto preserva uma paisagem de pico de montanha, em contraste com o desmatamento e a destruição dos sistemas naturais, além da expansão incessante do desenvolvimento nesta área, nos arredores de Montreal.
Desenho Técnico






Ficha Técnica
Nome do projeto: ROLO
Local: Morin-Heights, Quebec
Ano: 2021
Área: 327 m2/ 3515 pés2
Arquiteto Líder: Alain Carle
Gerente de Projetos: Isaniel Lévesque
Fotógrafo: Félix Michaud
Contratado: Dominic Toutant
Estrutura Glulam: Art Massif
Janelas: Fabiana
Marceneiro: Coleção Xavier